É preciso dar nome às coisas?
Se te quero pedir um recipiente onde possa colocar água para beber porque estou com sede, certamente será mais fácil dizer copo. Como é mais simples dizer Miguel, Joana, Mário... ao invés de fazer uma longa discrição fisica...
Mas fará sentido atribuir um segundo nome? Descaracterizar, despersonalizar uma pessoa com palavras atribuidas em consequência das vivências de cada um... Não deixo de ser o quem só porque sou filho da minha mãe.. Criei-me como pessoa... sou eu... tenho uma identidade... não preciso de qualificações consequentes da vida que levo, das pessoas que me envolvo, da roupa que visto...
Esta é a grande problemática das relações "actuais".... o atribuir nome a tudo, a necessidade mortal de definir tudo com medo que algum pormenor fique menos explicito.... mas explicito para quem? temos de mostrar o quê a quem? É mais valido meu amor se todo o mundo souber que o sinto?
Este é o meu namorado, namoramos ha 4 meses, 3 dias, 22 horas, ... tem de ser apresentado como tal senão não faz sentido, senão cai o Carmo e a Trindade...
Deixamos de ser quem somos para passarmos a ser "qualquer coisa" do outro... deixamos de existir isoladamente... só somos se o formos com o outro...
É esta falta de identidade, de vida própria que nos arruina, que nos apaga de tal forma que a explosão mais tarde ou mais cedo se dá, quebrando as camadas de capas que sobre nós foram sendo colocadas...
É mesmo necessário dar nome às coisas?